Plano de saúde da Prodemge está na UTI e diretoria da empresa joga conta nas costas dos beneficiários

O plano de saúde dos trabalhadores da Prodemge está em risco mais uma vez. A direção da empresa está querendo tomar a decisão, de forma unilateral, de permitir o aumento da mensalidade do plano sem consultar os participantes, que também são responsáveis por seu custeio, mas que não são tratados com respeito e nem direito à voz.

Informações dão conta de um aumento muito significativo da mensalidade em 2024, acima da praticada pelo mercado. Uma das causas desse possível aumento é a irresponsabilidade da direção da Prodemge, que não autorizou a recomposição do fundo emergencial do plano de acordo com orientações da Fundação Libertas, entidade que administra o plano assistencial da Prodemge.

Parte desse déficit é dos participantes, afinal o plano é de contribuição paritária, mas eles foram comunicados dessa inadiplência? Claro que não. Muito menos foi dada a opção de decidir sobre esse pagamento. O plano é paritário somente para o custeio, as decisões infelizmente são tomadas apenas pela patrocinadora.

Ao não recompor o fundo, a Prodemge melhora seu caixa e apresenta resultados financeiros maiores. A Prodemge não está pagando o déficit do plano de saúde, mas apresentou lucro no mesmo ano e tudo indica que vai ter de novo. Se esse déficit teve correção inflacionária, é o participante — que sequer pode decidir — quem vai ter que pagar de forma solidária? Isso é uma tremenda injustiça.

Pouca transparência

Há pouca transparência, por parte da Prodemge, sobre os problemas do plano de saúde e esse é um tema que deixa os participantes muito apreensivos, afinal trata-se da saúde deles e de suas famílias. Aliás, preocupação que deveria existir e sensibilizar a direção da Prodemge, de manter os trabalhadores da ativa assistidos de forma adequada para manter a produtividade da empresa. Preocupação com os aposentados que trabalharam duro durante décadas também deveria existir, mas pelo andar da carruagem, isso é pedir demais a seus gestores.

O problema é que a conta, que já estava no vermelho, explodiu. Agora é pagar ou pagar. Mas nós, beneficiários e entidades representantes dos beneficiários, queremos ser ouvidos.

Existem vários caminhos para a solução do problema

A solução passa por algumas opções. Desde uma que impacta absurdamente nos valores das mensalidades a outras de menos impacto, tanto financeiro quanto de debandada de participantes. 

As outras opções, que amenizariam os valores a serem pagos por cada um, seriam:

a) a patrocinadora Prodemge assumir sozinha os valores decorrentes de demandas juridiciais;

b) a patrocinadora Prodemge assumir a maior parte dos valores decorrentes de demandas judiciais.

Sabe-se que demandas judiciais para cobertura de tratamentos médicos têm exigido o uso do fundo emergencial (colchão) do plano. Isso é normal e é exatamente para isso que o fundo serve. O valor mínimo do fundo é definido pela ANS.

Queremos que a recomposição desse fundo seja discutida com os beneficiários do plano, os maiores interessados. Não tem sentido a direção da Prodemge ser negligente em pagar déficits passados e acumular toda a dívida a ser paga num aumento brutal da mensalidade.

Vale frisar que a inflação geral foi de 4,8% (IPCA) em 2023. A inflação médica no Brasil (índice utilizado pelo setor de saúde e que, garalmente, é mais alto que a inflação geral) foi de 14,1%. Ou seja, quase três vezes maior que a inflação geral brasileira e cinco pontos percentuais maior que a inflação médica mundial, que ficou em 10,1%.

Diretoria da Prodemge quer acabar o plano de saúde?

Qual a verdadeira intenção da Prodemge ao não pagar um compromisso anterior e jogar uma bomba no colo dos participantes, fazendo com que se vejam obrigados a sair do plano? Jogar os participantes da ativa em um plano privado, de mercado, que também estão apresentando problemas infinitos, com mensalidades altíssimas e que não aceitam idosos? A ideia é tirar o plano de saúde dos aposentados e largá-los à prórpia sorte?

Já surgiram conversas de rádio peão de que os ativos estão pagando pelos aposentados. Julgam que os participantes são ingênuos e burros? Todos nós sabemos que hoje quem é da ativa, amanhã vai se aposentar e que é interesse coletivo manter o plano saudável e eficiente. Não caiam nesse papo para dividir os trabalhadores. É uma tática antiga e recorrente de praticamente todas as gestões da empresa. A culpa não é do participante e não vamos aceitar que joguem nas nossas costas. 

Melhor saída é ouvir os participantes

Em outros tempos, os participantes já foram recebidos pela Prodemge e pela Libertas, quando se formaram grupos de trabalho que discutiram o déficit, a recomposição do fundo de reserva e se debruçaram sobre os estudos atuariais. 

O Coletivo de Olho na Libertas, na época com a participação das duas entidades que representavam os participantes, a Após-Prodemge e o Sindados-MG, teve papel fundamental para que a situação fosse comunicada aos participantes e, com isso, tiveram voz ativa na solução do problema, que beneficiou também a patrocinadora.

Recentemente tivemos troca da diretoria da Fundação. A última fazia reuniões, mas não atendia às solicitações do representantes dos participantes. Esperamos que esta nova diretoria, empossada em 2024, não cometa o mesmo erro e possa auxiliar os participantes ajudando a conduzir uma negociação com a direção da Prodemge.

Queremos ser ouvidos, já que somos os principais interessados!

Coletivo De Olho na Libertas e Sindados-MG

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